Veículo: CORREIO BRAZILIENSE - DF
Editoria: BRASIL
Autor: NÍVEA RIBEIROEspecial para o Correio
Tipo: Matéria
Data: 06/10/2015
Página: A06
Assunto: UNB, PROFESSORES
Menos vulnerável
Estudo do Ipea mostra avanços em vulnerabilidade social entre 2000 e 2010. Análise considera, entre outros fatores, taxa de desemprego, número de crianças na escola e gestão de resíduos
Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos censos demográficos de 2000 e 2010, mostra que todas as 16 regiões metropolitanas analisadas tiveram a vulnerabilidade social reduzida. Em 2010, as regiões consideradas mais desenvolvidas pelo estudo foram a de Curitiba, Porto Alegre e Vale do Rio Cuiabá. Quanto às mais atrasadas, o pior resultado foi o de São Luís, capital do Maranhão, onde faltam acesso ao saneamento, a água, esgoto e coleta de lixo. Também contribui para a o mau posicionamento da região o tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho.
O índice é medido por meio da análise de três itens: infraestrutura urbana, como acesso a saneamento básico e mobilidade dentro das metrópoles; capital humano, como disponibilidade de serviços adequados de saúde e educação; e renda e trabalho, que, dentre outros aspectos, contabiliza as famílias que recebiam menos de R$ 255 em 2010 e a quantidade de pessoas desocupadas. "A maioria das regiões metropolitanas teve maiores avanços na dimensão renda e trabalho, que busca medir o emprego para além da renda, considerando ainda o trabalho infantil e informal", explicou Bárbara Marguti, coordenadora de Estudos em Desenvolvimento Urbano do Ipea.
O Vale do Rio Cuiabá (MT) foi a que mais se destacou positivamente, com queda de 31,1% na vulnerabilidade; enquanto Goiânia teve o menor desempenho, 21,6% de diminuição. Em Mato Grosso, ajudaram a melhorar o índice o aumento da coleta de lixo, o crescimento do número de crianças de zero a 5 anos na escola e a diminuição da taxa de desocupação de pessoas a partir de 18 anos.
O Distrito Federal e o Entorno obtiveram um resultado mediano em comparação aos outros: a redução da vulnerabilidade foi de 26,5% nos 10 anos.
Rogério Rodrigues da Silva, professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, vê com ceticismo os dados divulgados. "É importante lembrar que, dos oito Objetivos do Milênio das Nações Unidas, previstos em 2000 para serem atingidos em 2015, o Brasil atingiu apenas um deles: a diminuição da pobreza, por meio de programas de transferência de renda como o Bolsa Família. O acesso a serviços públicos de qualidade, por exemplo, não é o que foi previsto pela ONU", ressaltou. Os Objetivos do Milênio da ONU propuseram, aos governos de 191 países, incluindo o Brasil, o combate à fome e à miséria; educação básica de qualidade; igualdade entre os sexos; redução da mortalidade infantil; respeito ao meio ambiente, entre outras metas de desenvolvimento.
Segundo Silva, a escassez de recursos não pode ser uma justificativa para os problemas sociais e de infraestrutura do país. "É difícil precisar tudo que poderia ser melhorado, mas não é falta de dinheiro. O que falta é uma gestão publica mais eficiente, com pessoas qualificadas para aplicar as leis já existentes", concluiu.
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