Matéria Publicada no CorreioWeb
Trabalho é fator de preocupação maior que os problemas familiares. Essa foi a conclusão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As questões trabalhistas foram eleitas como o conflito mais grave para 23,3% dos brasileiros entrevistados nas cinco regiões brasileiras. Em seguida, aparecem os problemas domésticos, que afligiram 22% da população, e os criminais, com 12,6%.
Entre as pessoas para quem o trabalho causa mais conflitos, a maior parcela (21,2%) tem em torno de 50 anos ou mais de idade. O segundo problema que mais incomoda essa faixa etária são os benefícios do INSS ou previdenciários em geral (19%).
Para uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Adriana Beringuy, crescem os processos trabalhistas relacionados a rescisão contratual, contagem de cálculo de tempo de garantia ou desemprego relacionados a trabalhadores mais velhos. Ela também lembra que a maior porcentagem de pessoas com conflitos trabalhistas concentra-se na região Sudeste (24,8%), onde está a maior população ocupada (com empregos formais ou informais). “Os conflitos de trabalho estão associados ao aumento da formalização. Os trabalhadores formais têm salvaguarda garantida pela carteira assinada. Logo, tem muito mais incentivos para recorrer à Justiça”.
Segundo o advogado Gustavo Ramos, coordenador de direito trabalhista do escritório Aline&Roberto Advogados, o maior número de pessoas na iniciativa privada que recorrem à Justiça do Trabalho o fazem depois de perder o trabalho por medo de rixas diretas com o patrão. Contudo, os que mais originam processos trabalhistas são os servidores públicos, por serem mais sindicalizados.
“Ainda não há uma cultura forte de cumprimento integral da legislação trabalhista no Brasil. E um dado que exemplifica muito bem isso é o alto número de informalidade no país. Certamente essa questão judicial faz com que as pessoas elejam os problemas trabalhistas como o número um”, afirma Ramos, que administra um volume atual de 20 mil processos vinculados ao trabalho.
No ambiente de trabalho
“O trabalho está exigindo um novo perfil de trabalhador e isso implica uma série de preocupações muito grande para quem está dentro e fora do mercado de trabalho”, ressalta. “Além do mais, cada vez mais o trabalho vai invadir nossa vida privada. É muito comum as pessoas levarem trabalho para casa. A solução não é individual, tem que haver um equilíbrio de responsabilidade entre a empresa e o empregado.”
Trabalho é a maior causa das "dores de cabeça" do brasileiro
Cristiano Zaia - 16/12/2010Trabalho é fator de preocupação maior que os problemas familiares. Essa foi a conclusão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As questões trabalhistas foram eleitas como o conflito mais grave para 23,3% dos brasileiros entrevistados nas cinco regiões brasileiras. Em seguida, aparecem os problemas domésticos, que afligiram 22% da população, e os criminais, com 12,6%.
Entre as pessoas para quem o trabalho causa mais conflitos, a maior parcela (21,2%) tem em torno de 50 anos ou mais de idade. O segundo problema que mais incomoda essa faixa etária são os benefícios do INSS ou previdenciários em geral (19%).
Para uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Adriana Beringuy, crescem os processos trabalhistas relacionados a rescisão contratual, contagem de cálculo de tempo de garantia ou desemprego relacionados a trabalhadores mais velhos. Ela também lembra que a maior porcentagem de pessoas com conflitos trabalhistas concentra-se na região Sudeste (24,8%), onde está a maior população ocupada (com empregos formais ou informais). “Os conflitos de trabalho estão associados ao aumento da formalização. Os trabalhadores formais têm salvaguarda garantida pela carteira assinada. Logo, tem muito mais incentivos para recorrer à Justiça”.
Segundo o advogado Gustavo Ramos, coordenador de direito trabalhista do escritório Aline&Roberto Advogados, o maior número de pessoas na iniciativa privada que recorrem à Justiça do Trabalho o fazem depois de perder o trabalho por medo de rixas diretas com o patrão. Contudo, os que mais originam processos trabalhistas são os servidores públicos, por serem mais sindicalizados.
“Ainda não há uma cultura forte de cumprimento integral da legislação trabalhista no Brasil. E um dado que exemplifica muito bem isso é o alto número de informalidade no país. Certamente essa questão judicial faz com que as pessoas elejam os problemas trabalhistas como o número um”, afirma Ramos, que administra um volume atual de 20 mil processos vinculados ao trabalho.
No ambiente de trabalho
O especialista em psicologia do trabalho, Rogério Rodrigues, da Universidade Técnica de Lisboa, explica que um fator decisivo para o trabalho causar grandes dores de cabeça é a flexibilização das relações de trabalho cada vez maiores.
“O trabalho está exigindo um novo perfil de trabalhador e isso implica uma série de preocupações muito grande para quem está dentro e fora do mercado de trabalho”, ressalta. “Além do mais, cada vez mais o trabalho vai invadir nossa vida privada. É muito comum as pessoas levarem trabalho para casa. A solução não é individual, tem que haver um equilíbrio de responsabilidade entre a empresa e o empregado.”
Nobre professor, considero muito importante ter a oportunidade de um contato direto com alguém que possui uma visão aberta e atualizada a respeito do assunto. Em uma jornada laboral de mais de 20 anos, sou obrigado a concordar com a opinião, apesar de entender que o colaborador nunca pode esquecer que a vida social não pode ser atropelada dessa forma. Afinal somos seres humanos, viver bem é fundamental para a mente, para o corpo. Acredito que a empresa terá responsabilidade sim, a medida que fizermos valer nossos direitos.
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