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Freud não morreu. Ele está vivo e mora no sul do país.

                    Isso mesmo, caros amigos, Freud não morreu. Estive com ele na minha última viagem que fiz ao interior do país. Que emoção!
               Pensei que se tratava de uma brincadeira qualquer, mas durante uma apresentação que fazia a alguns empresários no interior do sul do país, o camarada chegou (atrasado - pasmem vocês, ele já pegou essa mania brasileira), sentou-se, e prestou-me sua atenção. O que me impressionou, no entanto, foi o que disse após o evento. Ele me confessou que tinha gostado muito do tema da apresentação e que, por acaso, também estava desenvolvendo trabalhos sobre desenvolvimento sustentável ali naquela cidade. Meu Deus. Freud e Marina Silva estão agora lutando por uma mesma causa!
               Confesso que levei um susto quando ouvi aquilo, mas pelo visto, neurose, complexo de Édipo, ego, histeria, psicanálise, sonhos já não ocupam mais o tempo de Freud. Os tempos mudaram, modernizaram-se. E Freud também! Agora, segundo ele, algumas coisas mais importantes ocupam o seu tempo. Sustentabilidade, tecnologia da informação, internet, redes sociais, capital social, treinamento estão agora entre suas prioridades de ação e estudo. Quanta diferença daquele camarada sobre quem li nos livros empoeirados da biblioteca da UnB. Minha curiosidade não poderia nunca ter parado por ali. Tinha que saber o porquê de tanta mudança. E foi aí que a minha grande viagem e aprendizagem se aprofundou.
                 Freud passou então a relatar-me um pouco de sua biografia pós-Londre (onde todo mundo diz que ele morreu). Na realidade, naquele dia 23 de setembro de 1939, segundo seu próprio relato, ele teve uma visão profética para fugir para Cuba, onde provavelmente pouquíssimos teriam ouvido falar sobre ele e sobre psicanálise. Segundo aquela visão profética ....
                Caracas, bem nessa hora, recebi uma ligação de um amigo que firmei naquela cidade me convidando para sair para uma noitada. Fiquei bastante feliz com o convite do amigo (afinal, aquela noite seria uma das últimas naquela cidade), mas quando voltei minha atenção ao mago, ele já estava relatando sua experiência de 15 anos atrás na capital federal do Brasil, morando e trabalhando com Tecnologia da Informação. Tentei convecê-lo a voltar no tempo e na História (com letra maiúscula mesmo!), mas ele se mostrou relutante e desconcertado com o que havia acontecido. Ele, o mago da psicanálise, tentando conversar com um reles mortal, e eu atendendo telefone como se tivesse algo mais importante a tratar (embora a noitada prometesse, Freud teria sempre seu lugar de destaque em qualquer roda de conversa naquela cidade). Isso não era normal para seus padrões austríacos. Nada normal
               Mas tudo bem, eu com meu alemão de principiante, convenci-o a continuar sua história. Contou-me, então, que Brasília era um lugar que não mais apreciava. Embora tenha gostado um dia, a cidade já tinha muita gente, muito carro, muito trânsito, muitas disparidades. A melhor cidade para se trabalhar e estudar, a melhor qualidade de vida do país, o céu mais lindo do país, um ar puro de se respirar, uma arquitetura sui generis. Nada mais encantava Freud. Para o mago, Brasília tinha uma das maiores concentrações de renda, índices alarmantes de violência e pobreza em seu entorno, políticos corruptos e corruptores, entre outras tantas. Além disso, naquela cidade as pessoas eram (bastante) individualistas (pergunte a um brasiliense se ele conhece o vizinho de baixo, ou o de cima, ou ainda o dos lados de seu apartamento da Asa Sul e você também se surpreenderá com as respostas!), pessoas que só querem saber de viver às custas da galinha dos ovos de ouro: o governo (ehehe..os brasilianistas novamente me desculpem!). um lugar em que de 10 pessoas, 15 delas querem trabalhar para o governo, alguma coisa está certamente errada. Talvez por tudo isso, queimar índio e colocar propina em cueca seja coisa tão banal por ali. Aquilo era inaceitável para ele, para a economia do país, para o ego e o super ego de qualquer pessoa. Tentei argumentar que não era tanto daquele jeito. Tentei defender que Brasília tinha o parque da cidade; tinha o lago paranoá; tinha o Pontão; tinha as pistas largas para se transitar (confesso que não me vieram mais quaisquer argumentos..ehehehheh), mas para os austríacos quando se diz, está dito. Ok. Como um reles mortal que sou, não contrariaria o mago.
             Acho que esse clima provinciano e elitista cansou Freud, o que o fez desistir da cidade. Mesmo antes do escândalo do panetone, Freud já tinha "picado a mula". Mas antes dele seguir sua história, confessou-me um "Geheimnis", disse Freud. Putz, o que seria "Geheimnis" ? Meu Deus, ele não sabia dizer o que era em português, muito menos eu saberia seu significado. Tentei gastar todo meu alemão de principiante que sou, mas só depois de um bom tempo de conversa, mímicas, risos e ajudas alheias, saquei o que seria aquilo. Isso mesmo, havia um "segredo" para poucos (senti-me até íntimo de Freud, nesse momento). Segundo meu (agora) amigo Freud, ali em Brasília existem outros gênios famosos da história e que, como ele, também não morreram. Perguntei-o se Elvis estaria por ali, mas a intimidade não era tanta assim e não permitiu uma resposta clara. Mas devo confessar, caro leitor, que agora, ao fazer esta exposição, estou em dúvida se entendi gênios famosos ou extraterrestres normais. Não sei mesmo. Acho que as palavras em alemão, idioma de nossa conversa, são bem próximas. Se alguém encontrar um desses elementos nas avenidas largas, ou mesmo por ali no Pontão, por favor, pergunte mais a eles sobre esse segredo freudiano e conte a todos nós, o mais rápido possível.
             Depois de ter resolvido sair de Brasília, Freud olho no mapa para onde iria, assistiu a alguma novela da globo (pensei que fosse "caminho para as índias", mas acho que Freud não cometeria um erro desse de ir morar por aquelas bandas ....ainda bem!) e resolveu ir para São Paulo. Confesso que não entendi qual a relação entre mapa e novela, mas vai entender a cabeça de um mago. Sei que o cara foi pra lá.
             Mas logo na chegada a São Paulo, Freud teve um choque.....




           PS: Esta história tem uma continuação prevista para os próximos dias..eheheh. Visite este blog novamente por esses dias para saber como o mago foi parar lá no Sul, ou se não aguentar a curiosidade, pergunte logo a este escritor ....

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