Pular para o conteúdo principal

Ser adulto não é fácil. Nada fácil.

Em tempos de ode ao tribalismo nos relacionamentos (sou de todo mundo; não sou de ninguém; todo mundo é meu etc. etc.) creio que namoro, casamento, romance, tem começo, meio, mas também pode ter um fim, como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:

- Ah, terminei o namoro.
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo?
- Cinco anos e meio.
- Nossa, muito tempo! Que pena que não deu certo. Não era pra dar mesmo.
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. Ficaram fotos, boas lembranças, boas recordações. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores. A vida é bela porque pode ser refeita.

Não acredito em pessoas que se complementam. Eu não sou completo e ninguém vai me completar perfeitamente. Acredito sim que as pessoas se somam. Às vezes você não consegue nem dar 100% de você para você mesmo, como cobrar, então, 100% do outro? Às vezes, a cobrança exagerada é mesmo por aquilo que falta a você mesmo, e não do outro.

Às vezes ela é fiel, mas mente demais. Às vezes ela é carinhosa, mas não tem tempo para ouvir suas dores.  Às vezes ela é atenciosa, mas não gosta de viajar nas ideias (e nem nas férias). Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível ou está disponível. Tudo junto, não vamos encontrar. É preciso, portanto, pesar o que te atrai e relevar o que te desagrada. Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.

Esse lance de pele é um bicho traiçoeiro. Mais traçoeiro ainda é idealizar a relação, o outro. Filmes de Hollywood são apenas filmes, por isso ser chamado de arte. Não pense como Julia Roberts e Richard Gere ou ainda como Brad Pitt e Angelina Jolie. Eles pertencem a outro mundo, como na Matrix (eheheheh).

A realidade mesmo é que o beijo é importante, e muito bom. Se beijo bate, jogue-se, mas se não bate..ahh...beija mais um pouco e depois peça mais um Martini (ou uma tequila...hehehe)....e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. A verdade é dura, mas temos o pleno direito de ir e vir. Sim, caros leitores, direito de vir, de voltar, de apagar as coisas erradas e tentar novamente.  Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar, ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. Isso Freud já dizia há tempos, e olha que nem foi pela análise de um homem ou de uma mulher, mas de uma criança.

Ela titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa realmente gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob pressão ou ainda com medo de ir-se e ter de levar consigo o medo do outro sofrer? Ficar com alguém por dó, pena ou medo de fazer sofre, definitivamente não é amor. O outro sempre terá novas chances, como você.

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena, por medo da solidão. Nascemos sós. Morreremos sós (embora não gostemos de falar sobre a morte, ela dia baterá à  porta). Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?


Gostar doi, mas a saudade também doi. Amar doi, mas a distância também doi. Viver doi, mas morrer também doi. Por isso pensq que você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração, mas também vai sentir alegria, paz, gozo. Tudo isso faz parte. Você convive com outro ser, com outro mundo, com outras emoções, com outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse. A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta (embora eu seja, também não gosto muito desse papo nos meus relacionamentos..eheh). Se não quer se envolver, namore uma planta, compre um cachorro, crie coelhos ou mesmo solte pipas. É bem mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. E nem todo sexo bom é para descartar ou se culpar.

Quem disse que ser adulto é fácil ou ainda que tudo na vida é eterno?

(Adaptado)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Freud não morreu. Ele está vivo e mora no sul do país.

                    Isso mesmo, caros amigos, Freud não morreu. Estive com ele na minha última viagem que fiz ao interior do país. Que emoção!                Pensei que se tratava de uma brincadeira qualquer, mas durante uma apresentação que fazia a alguns empresários no interior do sul do país, o camarada chegou (atrasado - pasmem vocês, ele já pegou essa mania brasileira), sentou-se, e prestou-me sua atenção. O que me impressionou, no entanto, foi o que disse após o evento. Ele me confessou que tinha gostado muito do tema da apresentação e que, por acaso, também estava desenvolvendo trabalhos sobre desenvolvimento sustentável ali naquela cidade. Meu Deus. Freud e Marina Silva estão agora lutando por uma mesma causa!                Confesso que levei um susto quando ouvi aquilo, mas pelo visto, neurose, complexo de Édipo, ego, histeria, psicanálise, sonhos já não ocupam mais o tempo de Freud. Os tempos mudaram, modernizaram-se. E Freud também! Agora, segundo ele, algumas coisas mais i

Comecemos a sorrir. Não nos custa nada!!!

Nós seres humanos temos seis bons motivos para sorrir cada dia. As pessoas risonhas vivem mais, gozam de maior saúde, tem melhores relações, são mais atraentes, desenvolvem sua inteligência e disfrutam de maior equilíbrio emocional, segundo alguns estudos. Para um bom humor, incluindo se não estão em seu melhor momento, seu sorriso transmite afeto, confiança e aceitação. Claro que nem todos os sorrisos são iguais. Guilherme Duchenne foi um médico francês que no século XIX estudou o tipo de sorriso que produz estes benefícios, denominado sorrido Duchenne. Um sorriso que envolve canais neurológicos com os centros emocionais do cérebro e a zona do córtex que regula os processos intelectuais. Nos bebês, por exemplo, o sorriso indiscriminado está associado à necessidade vital de apego. Indica que as pessoas lhe são interessantes porque os oferecem muitas possibilidades de intercâmbio e aprendizagem. A partir dos cinco meses, o bebê sorrirá apenas a quem reconheça como familiar,

Neoliberalismo e o mundo de coxinhas, asinhas, petralhas, recatadas do lar, entre outros.

O ex-presidente Fernando Henrique ficou marcado pelo início (ou continuidade) do processo de privatização. Hoje, mais de duas décadas depois, mencionar esse processo pode não ter grandes impactos, principalmente entre os mais novos. Ainda que os ouvintes tivessem ouvido falar sobre privatização, modernização do Estado, neoliberalismo, muitos não se esforçariam para defini-los. O anonimato do processo neoliberal intensificado (tardiamente em relação aos EUA, Inglaterra, Chile) é um sintoma e também uma causa de seu poder. Mais recentemente essa ideologia esteve ligada a uma variedade de crises: a financeira de 2007/2008, a crise das offshores que culminou no que foi chamado de Panama Papers e, mais recentemente, a eleição de Donald Trump. A maioria de nós responde a essas crises como se elas emergissem isoladamente, aparentemente sem ter consciência que elas foram catalisadas ou exacerbadas pela mesma filosofia coerente. Tão persuasivo que o neoliberalismo se tornou que quase