Pular para o conteúdo principal

PEC da Felicidade discutida no Senado

                     Embora pareça utópica, a PEC da Felicidade, discutida atualmento no Senado, é mais uma tentativa de resgatar os direitos sociais básicos, já expostos na constituição. Não vejo um despautério no que é proposto. A ver, educação de qualidade, sistema de saúde eficiente e uma previdência social que proteja os idosos, por exemplo, são formas de atingir a felicidade.
                     Muito melhor, talvez, que ficar discutindo o quanto se gastará com a reestruturação de carreira dos marajás de Brasília ou ainda se determinadas pessoas devem ou não ser homenageadas no Congresso!

                 
Matéria publicada no site Congresso em Foco

                  Por que a felicidade precisa estar na lei




                   Incluir o direito de ser feliz na Constituição reforça as obrigações do Estado na área social e cria formalmente um instrumento cada vez mais usado no mundo para medir a eficiência de políticas públicas
                   Trazer a felicidade ao debate político e reforçar a responsabilidade do Estado em criar condições, por meio de políticas públicas adequadas, para que os cidadãos busquem a felicidade. Eis os motivos elencados pelo advogado Marco Anntonio Costa Sabino para que a PEC da Felicidade seja apresentada.
                  Para ele, a discussão gira em torno de tornar mais clara a necessidade de o Estado brasileiro “conseguir prestar serviços sociais de modo a permitir que as pessoas busquem a felicidade, por exemplo, oferecendo condições dignas de saúde, educação, previdência etc.”
                  O assunto será discutido nesta quarta-feira (26), a partir das 10h, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O presidente da comissão, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), encampou a ideia, e quer reunir as 27 assinaturas necessárias para apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que dará a seguinte redação ao artigo 6º da Carta:
                  “Art. 6º. São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
                   Entidades como a Associação Nacional dos Procuradores da República, Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef) e diversos artistas, intelectuais e líderes sociais apoiam o movimento + Feliz.



Por que a PEC

                    Questionado sobre algumas críticas que a proposta recebeu, o advogado Marco Anntonio Costa Sabino afirma que tais restrições são geralmente produto do “pensamento leigo”. Ou seja, vêm de pessoas que não se aprofundaram no exame da proposta e que desconhecem os seus fundamentos jurídicos e técnicos.
                     Em geral, quem critica considera absurda a ideia de tentar garantir a felicidade por meio de uma emenda à Constituição. Sabino esclarece que não se trata disso. “A inclusão do direito à busca da felicidade não significa que todos as pessoas passarão a ser felizes a partir da alteração constitucional. Mas ela reforça a necessidade de o Estado prestar o mínimo daqueles serviços públicos necessários para o cidadão buscar a felicidade.”
                   Ele lembra que a dignidade da pessoa humana, um princípio fundamental da nossa Constituição, pode ser considerado tão subjetivo quanto à felicidade. Contudo, não encontra críticos. “Ao contrário, orienta a elaboração de nossa legislação”, argumenta.
                   Diversos países atribuem ao Estado responsabilidade constitucional pela busca de meios para a garantia do direito de ser feliz. A Declaração de Direitos da Virgínia (EUA, 1776) outorgou aos cidadãos o direito de buscar e conquistar a felicidade. Na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789), há a primeira noção coletiva de felicidade, determinando que reivindicações dos indivíduos sempre se voltarão à felicidade geral.
                  Constituições de outros países, como Japão e Coreia do Sul, também determinam que todas as pessoas têm direito à busca pela felicidade, devendo o Estado empenhar-se na garantia das condições para atingi-la.
                  Além disso, a felicidade é adotada cada vez mais, por diversas nações, como um dos principais parâmetros para aferir o bem-estar de uma sociedade. Coube ao Butão, país asiático localizado ao Sul da China, o pioneirismo nessa área, ao criar, duas décadas atrás, o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB). A experiência recebeu o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e passou a ser replicada em diversas nações. São Paulo poderá ser a primeira cidade brasileira a pesquisar o índice de felicidade, ideia defendida pelo atual secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Jorge.
                 Com a aprovação da PEC, no entanto, pesquisas do gênero tendem a se generalizar, como querem especialistas em políticas públicas. Segundo eles, indicadores numéricos – como o total da renda gerada, vagas ocupadas em escolas, atendimentos de saúde e outros – são insuficientes para avaliar se o poder público está fazendo a sua parte para assegurar felicidade aos cidadãos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Freud não morreu. Ele está vivo e mora no sul do país.

                    Isso mesmo, caros amigos, Freud não morreu. Estive com ele na minha última viagem que fiz ao interior do país. Que emoção!                Pensei que se tratava de uma brincadeira qualquer, mas durante uma apresentação que fazia a alguns empresários no interior do sul do país, o camarada chegou (atrasado - pasmem vocês, ele já pegou essa mania brasileira), sentou-se, e prestou-me sua atenção. O que me impressionou, no entanto, foi o que disse após o evento. Ele me confessou que tinha gostado muito do tema da apresentação e que, por acaso, também estava desenvolvendo trabalhos sobre desenvolvimento sustentável ali naquela cidade. Meu Deus. Freud e Marina Silva estão agora lutando por uma mesma causa!                Confesso que levei um susto quando ouvi aquilo, mas pelo visto, neurose, complexo de Édipo, ego, histeria, psicanálise, sonhos já não ocupam mais o tempo de Freud. Os tempos mudaram, modernizaram-se. E Freud também! Agora, segundo ele, algumas coisas mais i

Comecemos a sorrir. Não nos custa nada!!!

Nós seres humanos temos seis bons motivos para sorrir cada dia. As pessoas risonhas vivem mais, gozam de maior saúde, tem melhores relações, são mais atraentes, desenvolvem sua inteligência e disfrutam de maior equilíbrio emocional, segundo alguns estudos. Para um bom humor, incluindo se não estão em seu melhor momento, seu sorriso transmite afeto, confiança e aceitação. Claro que nem todos os sorrisos são iguais. Guilherme Duchenne foi um médico francês que no século XIX estudou o tipo de sorriso que produz estes benefícios, denominado sorrido Duchenne. Um sorriso que envolve canais neurológicos com os centros emocionais do cérebro e a zona do córtex que regula os processos intelectuais. Nos bebês, por exemplo, o sorriso indiscriminado está associado à necessidade vital de apego. Indica que as pessoas lhe são interessantes porque os oferecem muitas possibilidades de intercâmbio e aprendizagem. A partir dos cinco meses, o bebê sorrirá apenas a quem reconheça como familiar,

Neoliberalismo e o mundo de coxinhas, asinhas, petralhas, recatadas do lar, entre outros.

O ex-presidente Fernando Henrique ficou marcado pelo início (ou continuidade) do processo de privatização. Hoje, mais de duas décadas depois, mencionar esse processo pode não ter grandes impactos, principalmente entre os mais novos. Ainda que os ouvintes tivessem ouvido falar sobre privatização, modernização do Estado, neoliberalismo, muitos não se esforçariam para defini-los. O anonimato do processo neoliberal intensificado (tardiamente em relação aos EUA, Inglaterra, Chile) é um sintoma e também uma causa de seu poder. Mais recentemente essa ideologia esteve ligada a uma variedade de crises: a financeira de 2007/2008, a crise das offshores que culminou no que foi chamado de Panama Papers e, mais recentemente, a eleição de Donald Trump. A maioria de nós responde a essas crises como se elas emergissem isoladamente, aparentemente sem ter consciência que elas foram catalisadas ou exacerbadas pela mesma filosofia coerente. Tão persuasivo que o neoliberalismo se tornou que quase