Dizem que foi em 13 de maio de 1888 que a Princesa Izabel assinou a Lei Áurea no Brasil, desagradando muitos fazendeiros e políticos da época. Todavia, parece-nos, aliás, não aparece na TV, no BigBrother, na rádio pop do Brasil, que o Brasil está muito longe de ter realmente abolido a escravidão em seu território. Prova disso são as constantes apreensões que fazem as Delegacias do Trabalho em parceira com as polícias federal e estaduais e que em nada resultam. Embora todas as formas desse tipo de trabalho sejam completamente repugnantes e degradantes frente à modernidade do mercado de trabalho e até mesmo dos valores da sociedade capitalista em que vivemos, uma forma de escravidão moderna tem chamado a atenção das autoridades em países da Europa e também da Ásia. É a chamada escravidão sexual.
Dados revelam que existam 29 milhões de escravos no mundo, 1,3 milhão destes ligados à exploração sexual. O Brasil não está longe de ocupar um lugarzinho privilegiado no ranking dos países em que ocorre esse tipo de trabalho. Matéria publicada hoje no jornal Folha de São Paulo dá conta de que uma escrava brasileira pode valer até R$ 15 mil na Europa e para cada atividade sexual uma brasileira pode receber R$ 40,00. Esses são valores imbatíveis por qualquer nacionalidade! Fazendo algumas contas básicas aqui, uma brasileira pode receber mais que muitos trabalhadores por aí (até de alguns funcionários públicos).
Mas eu não quero chamar a atenção do leitor para essas "afortunadas" (em dinheiro e em outros quesitos também ..ehehe). Gostaria mesmo de chamar sua atenção, caro leitor, é para aquelas escravas verdadeiras que vivem completamente às margens da sociedade. Às margens das grandes cidades, das pessoas de bem, da educação, do desenvolvimento, da saúde, da esperança de um futuro melhor. Essas sim merecem nossa atenção e nossa ajuda. Um bom exemplo desse deprimente quadro é o que pode (pretérito perfeito do indicativo ...- essa reforma ortográfica tem confundido a gente..eheheh) ser visto na Vale do Jequitinhonha, onde o IDH é um dos menores do Brasil mostrada essa semana em uma reportagem do SBT. A matéria mostrou como várias crianças e adolescentes são atraídas para essa vida por falta de perspectiva financeira e social. Pode-se ver um caso gritante de uma garota que iniciou-se na prostituição infantil aos 15 anos, com o próprio pai como seu primeiro cliente. Mostrou ainda o caso de outra garota que entrou no meio a pedido de seu pai. Hoje, ela está tem AIDS e cobra cerca de 50 centavos por programa. Pasmem vocês 50 centavos!! Uma quantia que não dá nem para comprar um pão com manteiga! Como se não bastasse essa tragédia, cortou o coração ouvir o depoimento de uma terceira garota, chorando, dizer que precisa se prostituir aos 14 anos porque os pais estão doentes e desempregados e ela é a única responsável pela manutenção da sua casa. Sinceramente meus caros, é de chorar!
Claro que, a curto ou médio prazos, não existirá solução para esse quadro nacional e internacional. Sobretudo quando se sabe que muitas dessas crianças prostitutas, ou ainda escravas sexuais, não poderão sair desse quadro e ainda, muitas vezes, não querem sair dessa profissão, tal como constata estudos da socióloga Siddarth Khara, americana e que trabalha com ONGs ligadas à exploração sexual e tráfico de pessoas em todo o mundo. Para a acadêmica, a melhor saída para combater esse tipo de escravidão é pelo lado econômico, pelo lado do lucro. Minar as fontes de financiamento desse tipo de atividade pode ser uma saída, segunda a socióloga. Contudo, acredito numa outra mais cara, mais longa e com resultados, ao menos teoricamente, mais eficazes. É a transformação dos valores, incluída aí a oferta de outras perspectivas psicológicas e sociais a estas pessoas.
Claro que, a curto ou médio prazos, não existirá solução para esse quadro nacional e internacional. Sobretudo quando se sabe que muitas dessas crianças prostitutas, ou ainda escravas sexuais, não poderão sair desse quadro e ainda, muitas vezes, não querem sair dessa profissão, tal como constata estudos da socióloga Siddarth Khara, americana e que trabalha com ONGs ligadas à exploração sexual e tráfico de pessoas em todo o mundo. Para a acadêmica, a melhor saída para combater esse tipo de escravidão é pelo lado econômico, pelo lado do lucro. Minar as fontes de financiamento desse tipo de atividade pode ser uma saída, segunda a socióloga. Contudo, acredito numa outra mais cara, mais longa e com resultados, ao menos teoricamente, mais eficazes. É a transformação dos valores, incluída aí a oferta de outras perspectivas psicológicas e sociais a estas pessoas.
Mostrar que podem existir outras saídas, menos dolorosas, para a trágica situação em que se encontram. Sei lá como isso pode ser feito, mas sei que pode. Não sei se com o trabalho das ONGs, do governo, da sociedade civil organizada. Um exemplo, contudo, do sucesso desse caminho foi mostrado naquela mesma reportagem do SBT. Uma garota, irmã de 3 ou 4 adolescentes prostitutas resolveu que não era pra ela aquela vida e decidiu sair dali por meio dos estudos. Conseguiu terminar seu ensino médio e hoje cursa enfermagem e está trabalhando na área. A adolescente conta chorando parte de sua história, mas afirma que não terá a vida que suas irmãs têm, e provavelmente terão.
Enfim, não sei como Princesa Izabel conseguiria ver que no Brasil essa lei só serviu para alguns. Não sei se ela choraria, como eu chorei, ao ver aquelas crianças e adolescentes voltando a estágio mais primitivo e indgno do ser humano. Quiçá ela pudesse ter deixado outras princesas para legislar verdadeiramente sobre esses casos no Brasil. Essa hecatombe social e psicológica, contudo, não pode deixar sucumbir o o pouco de felicidade, de esperança, de amor, de alegria, de dignidade, de liberdade que resta a nós, tornando-nos, muitas vezes, escravos desse mundo cinza e doloroso. Se você e eu não podemos ajudar a assinar a Lei Áurea moderna, libertemo-nos primeiro para que possamos trazer a libertação verdadeira do outro. Tal como diz o áureo texto bíblico: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
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